quinta-feira, 25 de setembro de 2014

História contada por Virginia Celia

A partir dos diagnósticos de demência vascular e demência de ALZHEIMER de minha querida MÃE em 14/03/2013, tenho passado por longas e silenciosas METAMORFOSES em minha vida. De Servidora Pública de Carreira, Assistente Social, passei a assumir um novo papel, o de “CUIDADORA".
Um abismo abriu-se em minha volta. Várias perguntas ficaram sem respostas. Por que com a minha amada mãe? Muitas crises de choro, muita dor, depressão, impotência, revolta, ou seja, um somatório de sentimentos que somente quem convive com um portador de Doença de Alzheimer - DA, tem esta compreensão.

Após o choque inicial acompanhado de uma avalanche de sentimentos, busquei informações da DA, através de leituras médicas, artigos na Internet e visitas a vários blogs que tratam desta doença. Resolvi compartilhar os conhecimentos adquiridos, os sentimentos e as emoções enquanto CUIDADORA, com a criação deste blog. Não pretendo transformar em um "Diário de uma CUIDADORA".

A partir de então, o blog passou a funcionar como uma terapia, um divisor de águas em minha vida. É puro sentimento. Busquei colocar como categorias depoimentos, artigos, crônicas, poesias, vídeos, dentre outros, tendo em sua essência maior: DA, o CUIDADOR DE IDOSO e a VELHICE. Um novo olhar da velhice em seu somatório de trajetória de vida enquanto ser humano. As mudanças, as transformações operadas em cada pessoa, tanto no nível biológico, quanto no emocional e psicossocial.

Não poderia deixar de colocar a categoria de “Música”, tão importante em nossas vidas. A música altera nosso estado de espírito. O corpo reage às vibrações dos sons, despertando emoções que interferem no funcionamento de nosso organismo. Tudo na minha vida tem um fundo musical. A vida , as lembranças , os momentos de uma pessoa , não teriam sentido sem a música. Costumo , por exemplo , “afogar “ minhas mágoas ouvindo música. Ela alegra a alma, alivia o espírito, acalma , relaxa , e até mesmo serve como um combustível diário à medida que nos dá força e esperança para crer em dias melhores.

O abismo inicial foi substituído por uma fortaleza, claro que com muitas rachaduras, precisando diariamente de retoques para não desabar. Todos os procedimentos requeridos para o tratamento da doença foram tomados, um verdadeiro exército de profissionais: neurologista, psicólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, geriatra, etc. para o tratamento de minha amada mãe.
Infelizmente, mesmo com o avanço da medicina, a DA não tem cura. É uma constante evolução. Apesar de todo o acompanhamento de profissionais de saúde, bem como o tratamento medicamentoso/farmacológico, é imprescindível uma associação maior ao tratamento: o AMOR e o CUIDAR.
Tenho hoje um pouco de conhecimento da doença e os sentimentos e emoções vivenciados pelo CUIDADOR, em função da minha experiência no dia a dia, o que me leva a compartilhar com as pessoas que estão convivendo com esta realidade.
(Virgínia Célia)

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