quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Artigo sobre o livro: '' O LUGAR ESCURO'' de Heloisa Seixas


Esta é a história real da lenta transformação de uma mulher, no caso a mão da escritora Heloísa Seixas, que escreve seu primeiro livro de não-ficção. 


O lugar Escuro é o relato do que a autora viveu, ao acompanhar o cotidiano de sua mãe - atingida pelo Mal de Alzheimer que , aos poucos, passa a sofrer com a modificação completa de sua personalidade, mudando também a vida de todos em volta.   

 A história da degradação de uma mente comprometida, em todas as suas fases, num pesadelo familiar da própria autora.  

Este livro nos conta como começa a doença, o mal de Alzheimer, antigamente era diagnosticada como loucura ou senilidade e caduquice mesmo. Criaram este nome novo pela descoberta de Alzheimer que ficou “mais leve”, sem denotar muito o estigma da loucura.

     O mal de Alzheimer pode decorrer de um processo de sofrimento como a depressão, solidão, isolamento social, desamparo, repressão longa, pode ser hereditária, depois de alguma perda, choque emocional muito grande em que a pessoa vai convivendo mais não supera.

     O livro em questão conta a história de uma senhora que foi perdendo a memória gradativamente, tinha mania repetitivas tais como: se arrumar a noite pensando que ia numa festa; ficava esperando a filha chegar do trabalho para levá-la, a filha tinha que inventar mil desculpas todos os dias para acalmar a mãe, cada dia era uma festa diferente. Depois a mãe começou a ver pessoas mortas e conversava com elas. Parecia ser sintomas de esquizofrenia...

     Muitas vezes a mãe ficava nervosa, outras calma demais, cheia de manias. Seu cérebro habitava a região da loucura. Certa vez assinou 17 revistas diferentes, se perdia na rua, gastava dinheiro ou perdia, fantasiava, ria sem parar, outras chorava, ia percebendo que a memória ia ficando curta e tentava disfarçar. Era uma mulher que sabia cozinhar, bordar, tricotar, receber, se arrumar e de repente a loucura tomou conta sendo preciso acompanhante para dar banho, comida na boca, etc. Desenvolveu medos estranhos, seus músculos foram parando de funcionar, sua vida parando, esqueceu se tudo, não conhecia mais ninguém...transformou-se em uma criança de uns dois anos ou menos...

     É uma trajetória que começa aos poucos e vai tomando conta da pessoa, parece que uma entidade vai tomando conta de tudo, do cérebro, minando a inteligência, o pensar. A pessoa começa lembrando coisas que marcaram, que fizeram sofrer, se torna metodicamente repetitiva, desagradável e pedante. É um sofrimento enorme para o cuidador e toda família, pois não é fácil viver com uma pessoa “louca”, com personalidade antagônica, misteriosa e escura...

     Escrevi sobre esta resenha pois dizem que nós escritores e poetas estamos na “fronteira da loucura”. Deus queira que não, mas temos sentimentos muito aflorados, nada nos escapa, somos seres muito sensíveis, ficamos tristes ou alegres demais. Nossas emoções são diferentes, sofremos por qualquer coisa, choramos, somos felizes ou infelizes ao extremo...

     Finalizando, aconselho a todos a se cuidarem, não se reprimir mesmo, soltar o que está dentro de si, pois isto pode nos ajudar sim, na saúde psicológica e física evitando somatizações. Cuidar e tratar de depressões químicas ou psicológicas ou seja, endógenas e exógenas. No meu caso vou levando a vida aproveitando cada minuto, pois sofro de depressão química há muitos anos...se disser que não tenho medo também estaria sendo falsa pois também sou humana e é preciso sempre encarar a realidade para ter qualidade de vida...

     A depressão severa pode levar ao suicídio, ao isolamento, a fobias sociais, síndrome do pânico e muito mais. A informação nunca é demais pois em nossas famílias pode ter casos...A depressão deve ser tratada e não ignorada. atualmente sabe-se que remédios para hipertensão e diabetes, podem causar a depressão química (biológica). Infelizmente muitas pessoas ainda não acreditam em depressão, falam até que é adquirida, porém a vida pode surpreender as pessoas que muito julgam, a roda da vida é implacável...Já ouvi alguém falar que depressão é falta de Deus, mas se muitos quando se desesperam vão á igreja procurar alivio, não podem também estar passando por depressão...eta resistência e negação humana...


Um comentário:

  1. Este artigo traz a luz da nossas vidas um assunto que nos cerca dia a dia, sem distinção de classes sociais, tenho visto pessoas cultas, intelectuais, autoridades e pessoas simples serem acometidas pelo mal de Alzheimer, como tão bem descreve a escritora Heloisa Seixas, que tive a possibilidade de ouvi-la na CBN através de uma entrevista com Ancora Tânia Morales (CBN AUDIOBOOK).

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