sábado, 18 de outubro de 2014

A inflamação na doença de Alzheimer


Mais recentemente, inúmeros estudos têm sido publicados questionando a terapia antiinflamatória, principalmente utilizando-se drogas não-esteroidais, como tratamento para a neuroinflamação ocasionada pelas ROS e espécies reativas de nitrogênio (RNS) e pela formação de radicais livres associados à doença de Alzheimer.
As ROS e RNS produzidas intracelularmente e extracelularmente por vários mecanismos estão dentre os principais fatores de riscos intermediários, os quais iniciam e promovem a neurodegeneração na doença de Alzheimer esporádica. Em um estudo, foi demonstrado que, através da ação das ROS, os lipídios tiveram sua conformação alterada, e, assim, ocorreu uma forte ligação entre os lipídios peroxidados, as enzimas antioxidantes, a presença de placas senis e os NFT em cérebros de pacientes portadores da doença de Alzheimer. Além disso, a ação das ROS sobre o DNA, particularmente o radical hidroxila, levou à formação de marcadores biológicos, os quais têm sido localizados nos NFT e placas senis de cérebros portadores da doença de Alzheimer. O prejuízo do DNA induzido pelos radicais livres ou as modificações enzimáticas podem ter sido o gatilho inicial na apoptose presente na doença de Alzheimer. Essas observações têm sido interpretadas como sugestão de que, em adição ao fato de o cérebro na doença de Alzheimer ser vulnerável ao aumento do estresse oxidativo, houve também uma redução na reparação desse prejuízo oxidativo, levando ao acúmulo de DNA alterados, os quais podem ser um importante fator na progressão da perda neuronal na doença de Alzheimer.
Evidências bioquímicas têm demonstrado que a cadeia de transporte mitocondrial está afetada na doença de Alzheimer. Especificamente, a enzima citocromo C oxidase e o complexo IV da cadeia respiratória foram afetados nessa patologia. Uma vez que foram demonstradas alterações na função das enzimas, e essas deficiências foram atribuídas às ROS, é possível que
o dano oxidativo mitocondrial no terminal sináptico associado à idade possa ser extremamente importante, especialmente em relação ao declínio da memória e dos processos de aprendizagem.
Em relação à neuroinflamação, algumas células especializadas no cérebro parecem estar envolvidas nas respostas inflamatórias, sendo as mais importantes os astrócitos e as células da micróglia. Na doença de Alzheimer, o número de astrócitos reativos esteve elevado, e a expressão da PLA2 nessas células esteve aumentada, levando ao aumento da atividade da via inflamatória do ácido araquidônico/prostaglandina.Os astrócitos foram capazes de liberar muitas moléculas pró-inflamatórias, como as interleucinas (IL), prostaglandinas (PG), leucotrienos, tromboxanos, fatores de coagulação, fatores de complemento e proteases, cujo processo foi similar ao que ocorreu às células da micróglia. As células da micróglia ativadas também foram abundantes nos cérebros de pacientes portadores da doença de Alzheimer e produziram uma variedade de compostos neurotóxicos, incluindo radicais superóxidos, glutamato e óxido nítrico. Mais ainda, a exposição da micróglia à substância Aβ levou à liberação de fatores pró-inflamatórios, incluindo a interleucina-1 (IL-1), a interleucina-6 (IL-6), a interleucina-8 (IL-8) e o fator de necrose tumoral (TNF-α)44.
As células da glia do sistema nervoso central, como os astrócitos e a micróglia, expressaram várias subunidades neuronais dos receptores colinérgicos, incluindo α3, α4, α5, α6, α7, β2 e β4. A subunidade α7 é o subtipo mais abundante encontrado nos astrócitos.Um fato importante é que o nível da subunidade α7 mostrou-se elevado nos astrócitos de pacientes portadores da doença de Alzheimer, quando comparados a idosos não-doentes.Uma possibilidade é que haja um mecanismo regulatório que auxilia a manutenção da produção de TNF-α e TNF-β em níveis fisiológicos em astrócitos de cérebros de pacientes portadores da doença Alzheimer

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