terça-feira, 25 de novembro de 2014

Cuidados Especiais




Banho
O banho, aparentemente uma atividade comum e de fácil realização, pode representar no cotidiano do paciente e do cuidador um momento complexo, perigoso e estressante. Já na fase inicial pode existir uma resistência ao ato de banhar-se ou ser banhado. Essa resistência baseia-se fundamentalmente em alguns aspectos especiais:

perda ou diminuição da autoestima, sobretudo nos pacientes que se encontram em estados depressivos;
quebra da rotina;
traumas psicológicos decorrentes de má condução dessa atividade no passado (queimadura, frio, queda, brutalidade);
desorientação com relação a tempo e espaço;
perda de memória.


Os pacientes depressivos devem ser amistosamente incentivados. Os hábitos e costumes de cada indivíduo devem ser valorizados. A atividade deve ser planejada com cuidado e atenção. Algumas questões são absolutamente críticas e, via de regra, não são levadas em consideração, como o sentimento de perda da individualidade e a falta de privacidade. Quando um indivíduo apresenta certo grau de deterioração mental, com consequente perda de suas habilidades, é comum que seja invadido em sua privacidade e cerceado em sua autonomia. Exemplificando, certos pacientes pertencem a gerações de conduta moral tão rígida e costumes tão recatados que nunca se apresentaram nus ou seminus diante de outras pessoas, até mesmo perante seus cônjuges. Pode-se entender o desconforto e o pânico de um senhor, que sempre manteve hábitos extremamente conservadores em relação ao seu pudor, ao ser banhado por pessoas estranhas.

Outra causa de resistência diz respeito a fatos passados de triste lembrança como; quedas acidentais, queimaduras por água quente, frio por água fria, ardência nos olhos pelo sabonete, atitudes ríspidas por palavras ou por manuseio brusco e inadequado, que muitas vezes causam escoriações e/ou hematomas.

Essas ocorrências transformam-se em receios, despertando no paciente o desejo de não repeti-los.
A identificação precisa da causa da resistência oferecida é difícil de ser estabelecida, pois o doente não tem condições de se explicar com clareza.
Muitas vezes, especialmente cuidadores contratados se constrangem com o próprio erro e não relatam o acidente não intencional por medo de reprimendas.
A perda de memória e a desorientação também podem levar o paciente a crer que acabou de banhar-se ou que se banhou há pouco tempo, resistindo assim a uma atividade considerada por ele desnecessária.
O registro em um cartaz ou em uma lousa, que contenha o dia e a hora do último banho, poderá auxiliar o cuidador se o paciente interpelá-lo com uma frase do tipo “Acabei de tomar banho!”.
Outro fato relevante é que alguns indivíduos não cultivaram a rotina do banho diário, e, assim, a imposição dessa atividade poderá representar uma alteração nos hábitos que sempre cultivou. Isso ocorre com frequência em pacientes de outras nacionalidades, já que em alguns países fatores relacionados ao clima e à cultura promovem hábitos diferentes quanto à frequência do banho.
Há também os pacientes que desfrutam o banho com grande prazer, um recurso que pode ser utilizado pelo cuidador quando o paciente apresentar um quadro de agitação.
Essas considerações são importantes, pois esclarecem que não há padrões preestabelecidos para essa atividade.
O banho pode representar uma atividade extremamente complicada e estressante se malconduzida, ou confortante e até, de certa maneira, terapêutica se bem orientada.
Uma outra palavra de ordem para essa e outras atividades é: rotina.
A quebra de rotina deve ser evitada, pois os pacientes não apreciam fatos desconhecidos, inesperados ou mudanças súbitas em seu dia a dia. A manutenção de uma rotina rígida no cotidiano confere ao paciente uma sensação de segurança, o que deve ser observado com rigor. Deve haver um horário predeterminado para o banho, que possa ser identificado pelo paciente por meio do ritual dos preparativos, que deve transcorrer sempre da mesma maneira. Se não houver um horário preestabelecido para o banho e se não existirem fatos e atitudes que precedam essa atividade, o paciente pode tornar-se resistente não quanto à atividade em si, mas contra toda e qualquer atividade não prevista ou anunciada com antecedência pelos rituais de preparação.
É fundamental destacar que a convivência com o paciente acaba por gerar um novo tipo de comunicação, que às vezes não se baseia apenas em palavras, mas também em movimentos e atitudes.


Para a maioria das pessoas adultas, o ato de banhar-se não costuma apresentar grandes dificuldades. Determinadas ações já estão tão incorporadas às atividades diárias que são realizadas automaticamente. Porém, quando se analisam os movimentos e as decisões tomadas durante um banho normal, constatar-se-á que se trata de uma atividade relativamente complexa.
Podemos chamar de filosofia a atitude que devemos adotar na preservação da autonomia do paciente. É fundamental que o cuidador se coloque na condição de um auxiliar que ajuda, colabora e assiste, mas que também permite e incentiva a realização do máximo de tarefas pelo próprio paciente, respeitando as limitações individuais. O cuidador nunca deve assumir uma posição de controle integral, dando o banho e tomando as iniciativas que ainda podem ser realizadas a contento pelo próprio indivíduo. É compreensível e natural que se adote uma postura de controle integral, pois é muito mais fácil e prático realizar a tarefa do que assumir a atitude passiva de um auxiliar. É importante que isso não ocorra, pois atitudes desse tipo terminam por embotar a participação e cerceiam as iniciativas do indivíduo, levando rapidamente ao aumento de sua dependência, o que nunca deve ser a meta do cuidador.
O verdadeiro cuidador orienta suas ações com o propósito de preservar e maximizar as habilidades remanescentes de seu paciente.
Nunca fazer por ele o que ele ainda pode fazer sozinho.


Os preparativos são essenciais e indispensáveis, e devem obedecer a um verdadeiro ritual. A falta de um preparativo adequado pode levar a uma situação tensa e perigosa. Por exemplo, se os objetos necessários não estão à mão, corre-se o risco de ter que deixar o paciente sozinho, confuso, molhado, com frio, nu, em um ambiente perigoso, molhado e escorregadio, para voltar ao quarto e pegar a toalha esquecida.
Quando se está preparando o banho, todas as ações devem ser explicadas em voz alta, uma a uma: “Estou pegando uma toalha para secar”, “Estou acertando a temperatura da água” etc.
O banho de chuveiro com água em abundância e em temperatura adequada são requisitos indispensáveis. A temperatura é importante, os banhos quentes são agradáveis e de efeito relaxante. O banho de leito deve ser reservado a situações específicas.
A partir desses preparativos, deve-se conduzir o paciente ao banheiro e, dependendo do grau de autonomia dele, solicitar-lhe que vá se despindo. Os comandos devem ser simples, um a um, como: “Agora vamos tirar as roupas”, “Tire os sapatos”, “Tire a camisa”, “Agora tire as meias” etc. Essas frases devem ser acompanhadas por outras de teor encorajador, do tipo: “Eu sei que você gosta de estar limpo e bem apresentado”, “Fico contente de ver que gosta do banho que eu estou preparando para você”, e assim por diante.
Nunca é demais frisar que, tanto nos preparativos quanto no banho em si, o paciente só deve ser auxiliado por incapacidade inequívoca para aquela ação determinada.
Despido, o paciente é solicitado a molhar-se, ensaboar-se e remover o sabão remanescente. O cuidador entrega-lhe a toalha e supervisiona-o para que se enxugue bem, especialmente entre os dedos dos pés e nas dobras. Depois de devidamente seco, ofereça-lhe as roupas, peça por peça, auxiliando-o somente nas limitações conhecidas ou evidenciadas. Certos pacientes preferem banho de banheira, pois se amedrontam com o chuveiro, e isso deve ser levado em conta. Esse tipo de banho, se bem que não seja comum no nosso meio, pode ser muito repousante e seguro. Se essa opção é adotada, nunca se deve encher a banheira com mais do que um terço de sua capacidade, e a temperatura deve ser supervisionada com cuidado. Para ser colocado na banheira, o paciente deve ser abraçado por trás, na altura da cintura, propiciando assim o seu deslizamento em perfeita segurança, com total controle do cuidador, até que se estabeleça uma posição equilibrada e confortável. Especialmente nesse tipo de banho, o paciente não deve ser deixado só, nem por um instante.
Certos pacientes se comportam melhor quando o cuidador oferece uma recompensa após o banho. Entreter o paciente na banheira com brinquedos infantis, a utilização de mamadeiras para a alimentação e o sistema de recompensas têm defensores, porém há os que argumentam que a infantilização pode ser contraproducente.
Há cuidadores que defendem o sistema de recompensa por bom comportamento no desenrolar do banho: este é o momento de, em tranquilidade, os pacientes serem recompensados.
O bom senso somado a um bom aconselhamento técnico geralmente estabelece, com boa margem de segurança, o acerto ou o erro de medidas e artifícios não usuais.
Um cuidador experiente afirmou certa vez: “Polêmicas à parte, o que importa é se o método funciona ou não”.
Não existem respostas certas e definitivas para determinadas atitudes. Cada caso responde de uma maneira. Cada família é um universo.
Durante o banho, a massagem é uma prática revigorante e estreita os laços entre o paciente e o cuidador. A presença de vapor de água no banheiro também é um grande aliado. A inalação desses vapores é be-néfica, prevenindo doenças do aparelho respiratório e auxiliando no tratamento destas.
Existem pacientes cujo pudor, como já descrevemos, é tão pronunciado que determinados cuidadores permitem que sejam banhados com suas roupas íntimas que, no decorrer da atividade, vão sendo retiradas com calma e habilidade. O pudor do cuidador em determinados casos, especialmente quando a filha banha o pai ou o filho banha a mãe, pode tornar o banho uma tarefa altamente comprometida em sua qualidade. Nesses casos, é de bom senso que se peça a ajuda de alguém para garantir uma higiene completa, especialmente das áreas genitais e adjacentes.
O chuveiro manual é um recurso que facilita o banho, e o paciente deve estar sentado para ter maior segurança. Por ser fácil de usar, faz com que certos pacientes desfrutem imensamente desse recurso, pois podem manuseá-lo, dirigindo o jato para onde quiserem. Como chão molhado favorece escorregões, o cuidador deve certificar-se de que esteja calçado adequadamente e providenciar para que os tapetes de borracha sejam colocados nas áreas críticas. Nunca é demais repetir que esse momento, reservadas as precauções necessárias, pode ser extremamente agradável não apenas ao paciente, mas também para quem cuida dele.
O banho também é um ótimo momento para fazer uma revisão sistematizada na pele, nas unhas e nos cabelos, à procura de alguma lesão ou doenças de pele, assaduras, úlceras incipientes e a constatação de hematomas por traumas não observados.
As unhas devem ser aparadas semanalmente. Os cuidados com a boca, com a limpeza das próteses ou a escovação dos dentes devem ser realizados diariamente, e um bom artifício é o cuidador escovar os seus próprios dentes e pedir ao paciente que o imite. O uso de fio dental, se aplicável, complementa a higiene bucal e não deve ser negligenciado. O uso de colutórios pode ser perigoso por ingestão inadvertida.
Os cabelos devem ser lavados regularmente e checados com relação à presença de parasitas.
Determinados pacientes podem ter os cabelos aparados pelo próprio cuidador, e, se necessitarem de maiores cuidados, devem ser tratados por profissional específico.
O uso de maquiagem é positivo para as mulheres e deve obedecer ao bom senso.
A atitude a se tomar com relação às resistências e negativas é a de se manter uma postura firme, evitando a confrontação e a discussão, mas conduzindo com determinação a execução total da tarefa.
É importante que a atividade logo após o banho e o vestir seja agradável e confortante.


O uso e a escolha das roupas devem obedecer algumas regras. As opções devem ser limitadas a poucas peças. As peças devem ser dispostas na ordem que serão vestidas, observando-se uma coordenação em termos de cores que favoreçam amplas combinações, a fim de evitar as combinações bizarras.
O guarda-roupa do paciente deve conter apenas o necessário. Gravatas, cintos e acessórios devem ser retirados, bem como roupas difíceis de vestir. Deve ser feita uma seleção nas roupas, verificando-se a real utilidade de cada peça conforme a estação, para priorizar a praticidade. Todas as peças que tenham pouca possibilidade de utilização devem ser retiradas do guarda-roupa, dando-se preferência às roupas amplas, confortáveis, práticas e discretas. É importante também organizar os modelos.
Roupas com elástico ou velcro® são mais fáceis de vestir do que aquelas com botões, as quais devem ser evitadas. As cores principais, que servem de base a uma boa variação e boas combinações, são o azul, o verde e o marrom, com suas variadas tonalidades. As preferências dos pacientes anteriores à doença de cores devem ser levadas em conta e colaboram na decisão dos cuidadores quanto a esse quesito.
A boa apresentação do paciente contribui para melhorar a autoestima e traduz a qualidade dos cuidados que lhe estão sendo ministrados.
Os pacientes com doença de Alzheimer costumam apresentar variações de peso, emagrecendo e eventualmente ganhando peso. Por isso, é interessante que as roupas permitam essas adaptações.
A presença de um bolso apenas, não muito profundo, evita que o paciente se irrite quando busca algum objeto. Certos pacientes entretêm-se manipulando linhas e costuras de suas vestes que devem primar pela simplicidade e pelo conforto, não devendo ser apertadas e sim amplas, confortáveis e, de preferência, sem costuras aparentes. Os pijamas, especialmente para as mulheres, são mais complicados de vestir do que as camisolas, que são vestidas pela cabeça em um só movimento. Para os homens, deve-se dar preferência às camisas do tipo pólo e blusas de lã com gola em “V”.
Os calçados com cadarço são pouco práticos; deve-se dar referência aos mocassins sem fivelas, franjas etc.
Como certos pacientes ainda mantêm algum discernimento, podem fazer escolhas a respeito do que vestir. Muitas vezes, elegem algumas peças como suas favoritas e insistem em usá-las todos os dias. Na impossibilidade de aceitarem outras roupas que não as preferidas, réplicas e duplicatas dos modelos teimosamente requisitados resolvem o impasse. Uma boa estratégia utilizada por alguns cuidadores é a de preparar alguns conjuntos de roupas, preestabelecendo o uso de determinadas combinações, deixando o paciente optar por um conjunto e não por peças isoladas. É comum que digam que as roupas que não os atraem, não lhes pertencem. Assim, o uso de etiquetas ou de alguma outra forma de identificação funciona como argumento para que os pacientes as aceitem com mais facilidade.
O ato de vestir pode provocar instabilidade no equilíbrio e favorecer as quedas. Alguns cuidadores costumam sentar-se para supervisionar esse ato com o paciente sentado. Se o paciente se veste em pé, o cuidador deve também estar em pé, ao lado, e em rigoroso estado de alerta para, diante de alguma instabilidade, socorrê-lo imediatamente.
O local onde o paciente está se vestindo também deve respeitar algumas regras. Correntes de ar, móveis com cantos vivos e pisos escorregadios devem ser evitados. O paciente deve vestir-se sempre no mesmo local.
A manutenção de uma rotina cria hábitos que, conferindo maior familiaridade com o ambiente, fazem-no sentir-se mais seguro. As peças devem ser arrumadas no guarda-roupa de modo compartimentado. As gavetas devem conter apenas um tipo de peça: meias em uma, camisas em outra etc. Esse tipo de organização deve ser obstinadamente observada, pois assegura ao paciente que, quando abrir uma determinada gaveta, encontrará sempre o mesmo tipo de roupa.
Identificar as gavetas e as portas dos armários auxilia na orientação do paciente, refletindo positivamente para a manutenção de sua autonomia.
Deve-se observar a diferença entre vestir e ajudar a vestir. Essa postura vem ao encontro do objetivo maior quanto aos cuidados a serem dispensados ao paciente que consiste em manter o máximo possível as habilidades remanescentes.


A higiene oral é essencial para a saúde e o conforto do paciente. Os dentes devem ser escovados e as próteses devidamente limpas após cada refeição. Uma boa nutrição começa pela mastigação, e, dessa forma, é imperioso que haja zelo pela higiene e manutenção da saúde da boca, dos dentes e das próteses. Dentes malcuidados são sede frequente de focos de infecção e é necessário verificar regularmente as condições dos dentes remanescentes, assim como a condição das próteses. Se as próteses não estiverem ajustadas, poderão causar lesões e prejudicar a mastigação, e essas ocorrências levarão o paciente a preferir substâncias de consistência cada vez menor, com consequente comprometimento de seu estado nutricional.
O paciente deve ingerir líquidos em abundância com o propósito de promover um asseio indireto da boca. Pacientes que dormem sem ter realizado boa higiene bucal estão propensos a apresentar infecções das glândulas salivares (parotidite), que se manifestam por febre baixa, inchação da região com dor e mau hálito. O mau hálito é um sinal de que algo errado está ocorrendo e, por isso, deve ser convenientemente checado.


A grande maioria dos pacientes sente-se melhor quando estão barbeados. Os barbeadores elétricos são recomendáveis e mais seguros. Se o paciente rejeitar esse método, o barbear tradicional deverá ser feito com aparelhos adequados (que contenham lâminas de segurança). Os aparelhos que expõem a lâmina sem proteção são perigosos e, portanto, inadequados.
Essa atividade deve ser realizada preferencialmente pelo cuidador, em razão das dificuldades e dos perigos que apresenta.


A exemplo de muitas crianças, alguns pacientes costumam colocar os dedos na boca, para chupá-los ou roer as unhas. A umidade constante provocada pela saliva favorece o surgimento de lesões de pele e a passagem de bactérias das mãos para a boca e daí para o restante do aparelho digestivo. A manutenção de mãos limpas e unhas aparadas previne essas complicações.
Pacientes com elevado grau de deterioração mental podem apresentar determinados comportamentos compulsivos, chupando os dedos e roendo as unhas com tal frequência e intensidade que podem causar danos e complicações de alta seriedade. Nesses casos, o uso de luvas com ou sem dedos pode evitar, ou ao menos minorar, os efeitos desses distúrbios de ordem comportamental.


Os pés podem estar muito úmidos ou muito secos, o que dependerá do clima e da quantidade de ar que recebem.
As unhas devem ser aparadas a cada 2 ou 3 semanas, para manterem-se curtas. O corte reto sem que se aprofunde nos cantos evita que as unhas encravem. As meias de algodão são especialmente indicadas para os que transpiram muito, por absorverem a umidade. Andar descalço, se possível e seguro, nesses casos é saudável e faz que os pés recebam diretamente alguma insolação e aeração. As imersões dos pés em solução morna são relaxantes, removem a pele morta e favorecem o asseio. Massagens com o uso de loções hidratantes contribuem para a boa saúde dos pés.
Em pacientes diabéticos, esses cuidados devem ser redobrados, pois há risco de que uma lesão infectada evolua para a gangrena e consequente amputação. O corte das unhas deve ser feito por profissionais especializados (podólogos), e todas as lesões como calos, joanetes e micoses, tratadas pelo médico.
A possibilidade de complicações seríssimas que culminam com a gangrena e amputação justificam estas precauções.


Vários fatores influem na manutenção de uma pele saudável. Boa nutrição e ingestão adequada de líquidos contribuem significativamente e são fundamentais. Manter a pele hidratada e bem lubrificada à custa de cremes e soluções promove benefícios consideráveis.
A massagem aplicada após o banho, além de ser reconfortante e de ter efeito calmante, melhora a circulação e deve ser realizada com cremes hidratantes.
As úlceras por pressão (escaras de decúbito) são, por sua frequência e importância, as mais terríveis lesões de pele no paciente demenciado.


Independentemente do sexo do paciente, os cabelos devem ser preferencialmente curtos. Reservados os aspectos estéticos e mantidos os comprimentos dentro dos valores do bom senso e do gosto individual do paciente, os cabelos curtos são mais práticos, pois evitam a transpiração excessiva e eliminam ocorrências desagradáveis, como pedaços de comida ou cabelos imersos no prato durante as refeições, caso o paciente se debruce para comer. Especialmente nas senhoras , é aconselhável que os cabelos sejam lavados fora do horário do banho habitual.
A frequência dessas lavagens dependerá de fatores como clima, estado de saúde, costumes, sexo do paciente etc., porém duas vezes por semana é o mínimo aceitável.
Se a pessoa não se assusta com o secador, esse recurso deve ser usado. A temperatura do ar deve ser observada para evitar queimaduras.
Os xampus para crianças são recursos valiosos, pois não ardem quando atingem os olhos. Eles devem ser usados em pequena quantidade para facilitar um rápido enxágue.


Nos estágios iniciais da doença de Alzheimer, muitos pacientes detêm autonomia suficiente para satisfazer, com independência, suas necessidades fisiológicas. A manutenção dessa autonomia é de grande importância, aliviando o cuidador de uma tarefa pouco agradável, ao mesmo tempo que preserva a privacidade, a dignidade e o sentimento de independência.
Alguns pacientes necessitam que lhes mostrem onde o banheiro está localizado e que lhe desabotoem as vestes. Essa limitação pode ser minimizada e, por vezes superada, se as roupas forem adaptadas para calças com elásticos. A localização do banheiro deve ser bem sinalizada, por intermédio de artifícios criativos, que vão desde placas indicativas até a mudança da cor da porta, de preferência por uma cor berrante, setas pintadas, ilustradas por desenhos ou de papel-cartão afixadas nas paredes etc.
Um excelente método para manter essa atividade sob controle e supervisão é o registro. Registrando os horários normais de micção e os dias e horários das evacuações, esses dados formam um padrão de comportamento e necessidades, e, dessa forma, toda e qualquer alteração poderá ser imediatamente detectada e avaliada.
Se o cuidador conhece o padrão de micção do paciente e nota que ele está se atrasando demais, pode lembrá-lo e incentivá-lo a ir ao banheiro. De posse desses registros, podem-se predeterminar horários dentro da rotina cotidiana, acostumando o paciente a urinar e evacuar sempre nos mesmo horários. Normalmente, os pacientes evacuam uma vez ao dia, alguns chegam a evacuar a cada 3 dias, e outros até 2 vezes no mesmo dia. A frequência é menos importante que o padrão que apresentam dentro do espaço de uma semana.
Idas ao banheiro para urinar costumam apresentar uma frequência de 2 a 3 horas de intervalo. Determinados horários são obrigatórios para incentivar ou conduzir o paciente para as suas necessidades: ao levantar pela manhã e à noite, antes de deitar.
Pela manhã e após as refeições, em razão do reflexo gastroileocólico, que estimula o funcionamento intestinal, são os horários preferenciais para evacuação. A princípio pode haver alguma dificuldade para que os horários sejam cumpridos até que se tornem rotina.
Os hábitos de evacuação e micção rapidamente se adaptam a uma rotina preestabelecida e tornam-se uma vitória para o cuidador, me-lhorando em muito a convivência, e minimizam a carga de trabalho. Essa rotina é realmente positiva e deve ser adotada.
Além dos problemas do cotidiano, é sempre difícil para o cuidador deixar o que estava fazendo para auxiliar o paciente em suas necessidades fisiológicas, normalmente em horários inesperados e geralmente nos momentos mais atribulados. Além de conforto proporcionado ao cuidador, essa rotina também tranquiliza o paciente, que adapta seus hábitos ao dia a dia.
Um outro recurso de grande utilidade é a regularização do funcionamento intestinal por intermédio de dietas. Um profissional especializado em nutrição, em conjunto com o médico, pode auxiliar na confecção de um cardápio apropriado para esse fim específico. A restrição orientada e monitorada de líquidos a partir de um determinado horário pode evitar ou minimizar as micções noturnas, prevenindo acidentes de incontinência.
A troca, pelo médico se possível, de medicamentos de ação diurética por outro tipo de droga minimiza os transtornos com a micção. Alguns pacientes com dificuldade de expressão costumam indicar por gestos e atitudes suas necessidades. Alguns tentam abaixar as calças, outros emitem sons e gritos ou ficam agitados. Aprender a decifrar esses códigos auxilia e facilita a tarefa.
Alguns pacientes, mesmo dentro do banheiro e já tendo sido auxiliados com relação a suas roupas para realizarem as suas necessidades, não entendem o que devem fazer. Nesse caso, eles precisam ser instruídos verbalmente.
É importante também anotar nos registros as alterações de frequência, a coloração de fezes e urina, a presença de sangue, pus ou parasitas, dor à micção ou evacuação e outros fatos anormais, para serem comunicados ao médico.

Creditos: AlzheimerMed

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